O vento vai dizer, lento, o que virá.

- Adivinha. Tá amanhecendo, João. Céu mudando de tom. Outra vez.
- Eu sei, Maria. O sol que nasce diante dos teus olhos é o mesmo que invade minha janela.
E sabe por quê? Porque somos o mesmo sol, o mesmo espaço, o mesmo sonho.
- Eu quero beijo na boca. Quero abraço imprensado, forte, grande e morno.
Eu te quero mais perto, colado nem que seja uns minutos.
Olho no olho. Cheiro com cheiro. Cor com cor. Gosto com gosto.
Saber o que é. O que pode ser.
- Segura aquela pontinha ali, Maria. Deixa todo o resto comigo. E quando o vento colocar-te diante de mim, não haverá mais tempestades. O vento nos levará juntos, abraçadinhos. E quando o outro sol amanhecer, eu vou te dar o beijo mais bonito, Maria.
- Eu estou com medo, João.
- Segura a minha mão, Maria. Eu tô cuidando de tudo.
- Você regou o jardim?
- Sim. Aquela rosa tá quase desabrochando. Quando você vier, ela estará linda.
- Eu já tô indo, eu já tô indo.
- E eu tô vindo contigo. Sabe esse calor que você está sentindo? Sou eu aí contigo.
- Jura? Eu tô indo ali no bosque esperar o vento passar.
- Tá. E eu vou pedir pro sol vir junto.

Escrito por Maria, só Maria e Michel Seadini.

Questão de credibilidade

- Ah, você tirou a barba, Michel?
- Tirei.
- Mas você fica tão bem de barba!
- Também acho.
- E por quê tirou, então?
- Fui xingado na rua.
- Como assim xingado? Te xingaram de quê?
- Petista.

Sejamos práticos.

Três grupos terroristas já reivindicaram a autoria do atentado no sul do Sinai, certo?
Eu proponho o seguinte:
Façamos um debate na tv aberta com representantes dos três grupos. Assim podemos analisar as versões de cada um e descobrir quem é que está falando a verdade... A democracia seria exercida e o vencedor do debate sairia dos estúdios direto para o xilindró.

Clóvis Camargo em: "Tempos Modernos"

- Aonde você pensa que vai?
- Tomar um chopp.
- Tomar chopp com quem?
- Arre! Com o pessoal do trabalho, ó coisa grudenta!
- E eu fico aqui cuidando das crianças outra vez?
- Claro. Num é você que gosta de ficar em casa?
- É, mas acontece que ontem você já foi ao shopping.
- Isso. E hoje vou tomar chopp.
- E amanhã? Você prometeu que ia ficar em casa. A gente pega um filminho e...
- Sei não. Acho que amanhã vou sair pra dançar. Vem comigo?
- Você sabe muito bem que eu odeio esses ambientes.
- Paciência.
- Vê lá como fala comigo, heim!
- Ih, chega de drama. E trata de enxugar essas lágrimas.
-Eu já tô de saco cheio dessa vida. Eu sempre cuidando de tudo, enquanto que você vive na farra. Não pára em casa uma noite sequer.
- Você sabia disso quando resolveu ficar comigo. E além do mais, eu dou duro o dia todo. Será que não posso curtir meu tempo livre?
- Pode, mas comigo.
- Trancafiados aqui? Nem a pau, Juvenal.
- Você é a pessoa mais insensível que eu conheço. Mais um dia eu me canso, viu?
- E esse dia demora muito?
- Quer saber? Eu também vou sair. Vou visitar a mamãe.
- Isso mesmo. Mande lembranças a ela.
- Que tom irônico é esse? Se eu quiser, largo as crianças com a mamãe e vou pra balada também.
- Vai, pombas! Não estou te proibindo de nada, estou?
- O problema é esse. Você não está nem aí pros meus sentimentos, só quer saber de me usar.
- Ai, minha paciência! Tem horas que você parece uma mulherzinha, sabia Clóvis?
- Ah, é? Pois eu cansei, Isabela! Tô indo morar com a mamãe. E as crianças vão comigo.

Oxalá Orkut

- Você tá na comunidade de Fulano de tal?
- Eu não tenho orkut.
- Como assim? Quer que eu te convide?
- Não, obrigado.
- Por quê não?
- Porque eu já tive e saí. Não quero mais.
- Você é louco, é? Orkut é muuuuuuuuuito dahora!
- Eu sei. Saí de lá justamente por isso.
- Agora eu não entendi.
- É verdade. Eu adorava o Orkut. Encontrar meus amigos de infância na comunidade do colégio foi o máximo. Era também uma maneira de eu parecer mais bonito do que realmente sou, afinal, os testemonials a meu respeito eram uma baita propaganda. Só que eu passava muito tempo lá e deixava de viver minha vida.
- Bobagem.
- Pois é.
- Eu vou te mandar o convite. Daí você entra na comunidade “O orkut atrapalha minha vida” hahahaha.
- Tá certo.
- É sério, eu vou mandar.
- Tá bom.

* E com isso eu recebo o meu quinto convite para o orkut.
Acho que vou me cadastrar e criar a comunidade “Não aguento mais receber convite para o Orkut”.

Depois eu saio denovo. Que é pra não viciar, né?

Eu também quero um affair!

QUEM SERÁ?
"Paulo Vilhena aparece com novo affair"

Está lá no sáite do IG.

So, i stay here with my bottons:
Como será que eu faço pra arranjar esse tal de "affair".
Sim, porque é uma palavra tão chique. E além do mais, minimiza o efeito "Galinhão" do rapaz em questão.
Imaginem vocês se o sáite colocasse lá: "Paulo Vilhena já tá pegando outra". As puritanas cairiam de pau no "pobre" rapaz.

Agora imaginemos o Michelzão aqui.
Se eu fosse uma celebridade, sairia lá nos sítios de fofoca: "Michel Seadini se diverte ao lado de seu novo affair."
Fonte: Glamurama.

Mas como eu sou só eu mesmo: "Michel bebe pra caralho, pega uma baranga e toma um susto ao acordar."
Fonte: Amigos filhos da puta.

- É, mas Deus sabe o que faz, Michel.
- Sabe é o caralho! Humpf!

Volta pro chão!

Desce daí, santo fajuto.
Tu nem sabe o que é viver.
E nessas de homem moderno,
De vestir sandália e terno,
De compor só no caderno:
Sucumbiu sem perceber.

Já não sabe o que é viver.
Nem assume a imperfeição.
Bota o peito no varal,
Limpa o sangue no jornal,
Sorriso de general:
Faz de escudo o coração.

E não sabe viver, não.
Desce daí,
Volta pro chão!

Ah, o pancadão!

Quem não se rende à tamanha poesia?

"O comando é o comando e quem comanda é o comandô... vermelhô, ô, ôô, ôô".
(Furacão 2000 - Comando Vermelho).

*Quem não gosta de pancadão, bom sujeito não é.

(re)volta.

Os sinos hão de tocar
Pra avisar que eu voltei.
Sem temer a viagem,
Com a mesma coragem
Que um dia eu lhe dei.

Trouxe comigo o perdão
E aquele riso forjado.
Eu dei um beijo no vento,
Guardei no bolso o tormento,
Deixei na porta um recado:

Já pode abrir os olhos,
A tua mentira amanheceu.

O sorriso que cativa
É o peito apunhalado.
Amante de um sonho antigo,
Eu nunca estive comigo
Enquanto estive ao teu lado.

Os sinos hão de tocar
Das mãos de um santo qualquer.
E então eu hei de morrer,
Limpar a alma e nascer
No abismo de outra mulher.

Já pode abrir os olhos
Que hoje o abraço não é meu.

Luto

6h30 no Brasil:

- Alô.
- Pai, só liguei pra avisar que estou bem.
- Como assim? Por quê cê tá me falando isso?
- porque acabou de ocorrer um atentado aqui.

Meu irmão passou 20 minutos antes da explosão, na estação de metrô que mais morreram pessoas até agora.

E o povo continua reelegendo "Bushs e Blairs".

* Abaixo está a crônica do Clóvis Camargo, conforme o prometido.

Clóvis Camargo em: "Pequenas idéias, grandes negócios"

- Alôa.
- Alô.
Silêncio de 5 segundos.
- Pois não?
- Com quem eu falo?
- Com quem você gostaria de falar?
- Tanto faz. Como você chama?
- Tanto faz? Como assim, tanto faz?
- É, tanto faz. Minha vida não faz nenhum sentido. Só queria conversar com alguém antes de me atirar da janela.
- Calma! Calma! Não faça nenhuma bobagem. Vamos conversar.
- Eu não quero conversar.
- Mas você não ligou aqui para conversar com alguém?
- Sim, mas a vontade já passou. Você pode dizer pra minha mãe que eu amava muito ela?
- Não! Sim! Não! Quer dizer, espere!
- Diga.
- Me diz o teu nome e o teu endereço. Eu estou indo aí.
- Me chamo Clóvis. Moro na Rua Quinze de novembro, número 1385, Apartamento 152.
- Ok. Em vinte minutos eu estou aí.
- Que bom! Será que você pode trazer um vinho?
- Um vinho?... Levo sim, Clóvis.
- Vou chamar uma pizza.
- Ótimo. Só não faça besteiras. Eu tô chegando aí.
- Ok. Tchau.
Clóvis desliga e disca para outro número.
- Alô.
- Nelião, espia na janela porque acabaste de perder a aposta. Você me deve cem reais.
- Como assim?
- Aquela loirinha gostosona da academia tá vindo jantar aqui. E ainda vai trazer o vinho.

Capítulo IV - Das considerações finais

A idéia de criar essa brincadeira já martelava em minha cabeça há um bom tempo. Pra ser mais exato, desde quando um professor disse: "Vocês fazem parte da geração mais inteligente que já existiu. Isso porque vocês são os únicos que vivem a própria geração".
Com essas palavras o Professor Valdemar Siqueira, vulgo "Dema", queria dizer que somos da geração que tirou a venda dos olhos, ou seja, não acreditamos cegamente em nada. Sim, somos da geração que não se leva tão a sério, e que vive em seu tempo, não em busca de um tempo melhor.

Os três capítulos do "EAD" tem um único significado: deixar claro que tudo é uma questão de ponto de vista. Ninguém convence nada através da verdade, e sim através de argumentos. Alcança a "verdade" aquele que possui os melhores argumentos. A religião, por exemplo, atrai milhares de fiéis porque criou (e continua criando) argumentos que expliquem a nossa existência, que aliviem nossas angústias.
Mas isso já é uma outra discussão e vai ficar pra outra hora.

OBS: Atendendo a milhares de pedidos e respeitando o seu contrato com o Jornal de Limeira, Clóvis Camargo retornará de suas férias no sul da Áustria, mas só na quinta-feira.